Descansando um pouco, batemos perna de novo à busca de um jantar de aniversário. Acabamos nos decidindo pelo café no qual Pushkin e Gogol tinham sido habitués. Aliás o panfleto na porta explica que Gogol morreu de uma diarréia contraída lá. Não sei se é o tipo de informação que eu poria na propaganda... o tiozinho da chapelaria provavelmente atendeu o Pushkin e o Gogol, e o resto da decoração e dos clientes não era muito mais novo. Mas a comida - ensopado de veado com cogumelos e vinho e lebre com cogumelos e creme - era deliciosa, os drinques com champã também. E tinha um povo cantando na mesa ao lado.
Monday, March 14, 2016
14/3/2015 4º Altitude 13m
Aniversário de Mari. Saímos à busca do museu de arte contemporânea, o Erarta, que é mega elogiado por todos os guias e não fica próximo do metrô. Ah well. Atravessamos a ponte Dvortsoviy, que é a ponte que fica entre o Almirantado e o Hermitage, a pé, admirando pelo caminho a quantidade de lama fina que cobria os carros "estacionados" no engarrafamento. Parando, também, para tirar fotos do Nevá semicongelado, com lixo e umas aves aquáticas no meio. (Inda não comentamos: os canais que cortam toda a cidade são lindos, mas não exatamente imaculados. Pra dizer o mínimo. O que mais tem é guimba; peixes 50km adentro do Golfo da Finlãndia devem morrer de estenose pulmonar. Guelrar.) Na ponta da ponte, tem o museu zoológico, que já foi o principal da Rússia, e portanto um dos principais do mundo na época em que Piter era a capital de cultura do império soviético, mas pros padrões de hoje está um pouco velhusco. Compra-se o bilhete numa portinha e entra-se por outra porta não muito grande; só dentro é que se tem a verdadeira noção do tamanho do museu. Mas apesar desse tamanho imenso, a impressão de naftalina não diminui lá dentro. O painel imenso com as zonas de vida do planeta e as mudanças nos continentes tem cara de anos 1950, e as exposições também. Muitos bichos empalhados, muitos bichos empalhados em caixas de vidro e dioramas, muito mais bichos empalhados, já dissemos que tinha bichos empalhados? Pouquíssima coisa interativa, as informações apenas em textos com cara de batidos à máquina de escrever colados num canto das caixas de vidro. As coleções são, sem dúvida, riquíssimas, principalmente as de mamíferos fósseis, mas o museu é maçante. Um dos pontos altos é uma família de mamutes lanosos ainda com pelos e com cara de que tão dormindo; perto ficam uns dentões de mamutes da estepe (que são maiores ainda do que os mamutes lanosos, que todo mundo conhece). Enfim, a vantagem do museu não ser tão bom é que não tivemos que nos demorar muito nele; saímos e atravessamos a rua (bem, modo de dizer - não chega a ter uma rua no meio do caminho, só um espaço) pra chegar à Kunstkammera, o museu de antropologia de fora da Rússia, mais umas bizarrices. Sim, assim como os museus de arte, em S. Petersburgo os museus de antropologia são divididos entre um enorme só pras coisas russas e um sem noção pra fora do país. Russas, no caso, incluindo todo o antigo império.
A Kunstkamera é bonita como prédio em si, toda azul, de um barroco alemão menos opressivamente monumental do que a maioria dos prédios da cidade. Entrando, dá pra ver que está em processo de atualização; mesmo nas áreas em que ainda tem basicamente estantes e mais estantes de objetos, há mais espaço entre as estantes do que no museu zoológico, dando chance do visitante respirar e prestar atenção em algo. Tem artefatos mundo afora, não apenas de culturas "primitivas" mas também de civilizações que saiam da órbita Europa-Oriente Médio. Ter visitado no dia seguinte ao da visita ao Hermitage foi bom pra deixar bem patente a arbitrariedade da classificação de um objeto como arte e outro como antropologia. Alguns dos objetos mais bonitos eram do Noroeste Pacífico norteamericano, da Ásia Central, e do Sudeste Asiático. Junto com essas coleções mais sérias e científicas, e abarrotada de gente, estava a coleção que dá nome ao museu, que começou láaaa atrás na pré-história dos museus, como o gabinete de curiosidades de Pedro, o Grande: uma coleção de bizarrices da natureza. Fetos com espinha bífida, bezerros de duas cabeças, um esqueleto com quatro braços terminando em duas mãos (hello Mutarelli), irmãos siameses, anões, gigantes... tudo aquilo que a cultura racional e refinada do século XVIII poderia amealhar. Mari não quis nem ver. A Kunstkamera também tem um jardim com artefatos de pedra do mundo todo ao ar livre, e uma lojinha de museu modesta mas maneira, na qual compramos comidinha razoável (torta de maçã, panqueca de coalhada seca, kvass, cerveja quente), uma camiseta das cachorras cosmonautas, e, com o logo macabro do museu, um imã de geladeira e um caderninho.
Saindo da Kunstkamera, pegamos um trólebus para ir à Erarta. Mas não achamos trocador, nem validador, então pulamos fora meio no susto (vai que algum guarda russo nos pegava sem bilhete) e fomos andando a pé. Só que as distãncias eram loooongas. Passamos na frente de um restaurante do norte da Índia que parecia gostoso, mas deixamos pra lá porque não era nada de especial e tinha que ser especial, já que era aniversário de Mari. Andamos pelo bulevar, que se chama Canal 1 no lado esquerdo e Canal 2 no lado direito porque o plano original era fazer os tais canais, até nos cansarmos e pegarmos um ônibus. Saltamos do ônibus no susto porque obviamente tínhamos passado do ponto. Perguntamos indicações. Não sabiam. Perguntamos de novo, olhamos mapa, etc... e finalmente nos achamos, andando por um parque comprido e arrumadinho entre uns condomínios contemporâneos feios de orgulhar um coração paulistano, o parque poro mais moderno tinha árvores típicas da taiga ao invés de árvores européias,...até uma praça no fundo da qual estava lá, em toda a sua glória estalinista: a Erarta. Chegamos, furamos a fila do bilhete sem nos darmos conta, e fomos conferir as coleções. Que eram basicamente de quadros, e quadros bem maisoumenos. Basicamente não era um museu, mas a maior galeria comercial possível. Sem graça. Comemos um café ridiculamente caro e fomos de volta pra casa, passando por um supermercado grande em que pudemos ver quantas vodkas diferentes existem no mundo (muitas).
Descansando um pouco, batemos perna de novo à busca de um jantar de aniversário. Acabamos nos decidindo pelo café no qual Pushkin e Gogol tinham sido habitués. Aliás o panfleto na porta explica que Gogol morreu de uma diarréia contraída lá. Não sei se é o tipo de informação que eu poria na propaganda... o tiozinho da chapelaria provavelmente atendeu o Pushkin e o Gogol, e o resto da decoração e dos clientes não era muito mais novo. Mas a comida - ensopado de veado com cogumelos e vinho e lebre com cogumelos e creme - era deliciosa, os drinques com champã também. E tinha um povo cantando na mesa ao lado.
Descansando um pouco, batemos perna de novo à busca de um jantar de aniversário. Acabamos nos decidindo pelo café no qual Pushkin e Gogol tinham sido habitués. Aliás o panfleto na porta explica que Gogol morreu de uma diarréia contraída lá. Não sei se é o tipo de informação que eu poria na propaganda... o tiozinho da chapelaria provavelmente atendeu o Pushkin e o Gogol, e o resto da decoração e dos clientes não era muito mais novo. Mas a comida - ensopado de veado com cogumelos e vinho e lebre com cogumelos e creme - era deliciosa, os drinques com champã também. E tinha um povo cantando na mesa ao lado.
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Fio dos dias
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