| Mil quilômetros de pântano |
O trem continuava a descer dos urais, e entrava na charneca de Omsk: milhares de quilômetros de taiga pantanosa. Em algum momento do dia - você para de prestar atenção nas horas quando não tem nenhuma perspectiva de sair do próprio quarto, e quando a luz vem de um céu branco-cinza e muda quase imperceptivelmente ao longo do dia, e a paisagem nem isso muda - chegamos em Omsk. Antes e depois, uma visão de um pântano, os juncos soterrados pela neve e apenas despontando aqui e ali, com ilhas de bétulas brancas e espinheiros vermelhos, quase infinita, quase invariável. Em algum momento, vimos um monte de objetos pretos ao longo da ferrovia; depois de um tempo nos demos conta de que eram abrigos de caçadores; mesmo no inverno, havia um número razoável de pássaros.
| Momento War |
Depois de Omsk (muito depois de Omsk) a charneca vai dando lugar ao começo da estepe. A estepe pode ser quase infinita, mas é menos talhada a plaina pelos deuses do que o Pampa argentino; não se vê um morro, em milhares de quilômetros, mas se vê leves ondulações do relevo, bem leves, só o suficiente para o olhar perder ainda mais as distância. E elas são imensas; entre as cidades até pequenas, são horas e horas. Chegando em Novasibirsk, resolvemos saltar para dar uma bizoiada na estação ("a maior da Sibéria," dizia o guia). Por fora, muito parecida com mais de uma pelo caminho só que maior; uma versão em escala ferroviária duma mansarda italianesca do período imperial, pintada de azul celeste. Por dentro, além da opulência de materiais, uma quase-floresta sob a cúpula, com um monte de plantas para esquecer a aridez do inverno. Fomos no banheiro também (os trens mais antigos jogam o cocô no trilho, e por isso trancam os banheiros 1h antes e depois das estações principais), arrumamos um café horroroso (ao invés de mais chá ótimo), e compramos chocolates de uma fábrica local com nomes de deuses eslavos. Atualizamos a família, já que toda estação de trem tem wi-fi.
| Acho que neva um pouco |
E toca-lhe mais e mais trem.
| Comiida |
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