Sunday, March 20, 2016

20.3.2015 Moscou 2 a 8C Altitude 156m

Estação de metrô Komsomolskaya, que une as três estações de trem
O dia começou arrumando as malas e se despedindo de nossos gentis anfitriões. As malas, claro, não queriam ser feitas, e demoraram mais do que prevíamos mais ainda que as malas, demoramos, no entanto, porque resolvemos enviar toda a bagagem que pudéssemos pro Brasil, pra aliviar as mochilas. e toca a procurar a DHL. Depois de um tempo achamos, mas a moça, muito solícita e sem perder o sorriso depois de ter arrumado todas as nossas coisas numa caixa, explicou que era caro pra dedéu e seria melhor mandar pelo correio. E toca-lhe a procurar o correio, aonde, é claro, os funcionários não falavam inglês fluente que nem o da moça da DHL. Só um estagiário falava uma ou duas palavras; entre elas e nossas uma ou duas de russo, acabamos nos resolvendo (também demorou bastante, no correio, esperar na fila. É só pensar em quem ainda usa o correio hoje em dia para perceber por que a fila pode demorar).
Plataformas da estação Kazan

Com esses atrasos todos, a idéia de deixar as malas na estação e fazer algum passeio (pensávamos em entrar em São Basílio, já fechada na hora em que tínhamos passado pela Praça Vermelha) ficou de lado, e depois de deixar as malas na cavernosa, tanto no sentido de enorme quanto no de escura e opressora, chapelaria da estação Kazan (a maior das cinco estações na Praça das Três Estações), só sobrou tempo mesmo para comer rapidinho um almoço num restaurante italiano beeeeem muxiba na própria estação, pegar de volta a mala (na real, nem precisávamos ter guardado), e subir no trem, que saiu pontualmente às 14:56. Nem a estação Yaroslav, a última das três grandes (chegamos pela Leningrado e saímos pela Kazan) deu pra bizoiar.  Entrando, estávamos no canto do vagão de terceira classe, e descobrimos nesse momento que a viagem seria um pouco mais cara: o leito de terceira classe tem um metro e oitenta, o que significa que não dá pra Thuin dormir de costas, e de lado com o balanço do trem significaria dores insuportáveis por conta do pescoço avariado (como já tínhamos descoberto no trem SPb-Moscou).
Um dos saguões da estação Kazan

Fora esse pequeno detalhe, a viagem teve outro contratempo: o gostinho de rato do Steinbeck, de it might have been. Isso porque na saída de Moscou o trem passa por, ou perto de, várias cidades históricas, que aparecem tanto na literatura quanto no folclore russo. não que tenhamos visto muitas delas - ficou escuro demais pra isso mais ou menos rápido. No meio da escuridão, por exemplo, o trem parou em Murom, do Ilya Muromets, o chefe dos bogatyr, os paladinos russos, onde uns camelôs vendiam prataria e doces na plataforma. Também foi o primeiro dia em que tomamos chá do samovar. De certa forma, bem mais do que nas partidas de Helsinque ou São Petersburgo, foi quando a transsiberiana começou. (Oficialmente, mais ou menos; a transsiberiana não existe como estrada de ferro oficial, e o único trem que faz o caminho inteiro corre de Moscou a Vladivostok por outra rota, pelo norte, saindo da estação Yaroslav.) O que deu pra reparar - mas pode ter sido mais imaginar do que reparar, ou pode ter sido só coincidência - foi como a floresta, densa na saída de Moscou, foi rareando à medida que corríamos pro sudeste.
Entrada lateral da estação Kazan

Em volta de Kazan, não fazíamos ideia de quanta floresta tinha, porque era o breu mais que absoluto, como só uma madrugada nublada em terras boreais pode ser. Saímos da estação (um conjunto grande, com um saguão de espera num prédio novecentista, e um mezanino de alucobond horroroso) e não conseguíamos wi-fi pra descobrir como chegar no hotel. Entramos de volta pra perguntar pra guarda como fazíamos; ela nos fez entrar sem precisar da pantomima de tirar as mochilas, grazadeus, e pediu a outro guarda que nos apontasse; ele nos levou pra porta e apontou numa direção. O hotel era literalmente do outro lado da praça. Nada mal, quando você tá cheio das mochilas e está um frio absolutamente glacial, com o vento cortando a cara e pilhas de neve na altura do joelho em todo canto. E também era limpo, e o quarto espaçoso. Nada mal, prum lugar escolhido pelo preço. No elevador, encontramos um casal de bêbados vindos de Samara pra balada; o moço em particular achou fascinante brasileiros indo parar por ali, e queria porque queria nos levar pra beber com ele (a namorada não deixou - eles também estavam voltando pro quarto).
As outras duas estações grandes da praça, Leningrado (neoclássica) e Yaroslav (parecendo uma cabana de sapê)

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