Tuesday, March 22, 2016

22.3.2015 Cazã -8 a 2C, altitude 56m.

De dentro da área de trens metropolitanos da estação em Kazan

A combinação de noite dormida na cama de 3a classe, em que não dava pra se acapanchar de costas ou bruços direito, com um dia inteiro andando pra cima e pra baixo, significou que Thuin estava basicamente entrevado e imóvel, então o dia foi passado basicamente descansando; mas fomos, preocupados com não achar horário agora que íamos sair do coração do país e as distâncias se multiplicariam, comprar as passagens todas para a próxima semana, ao invés de seguir comprando só de véspera. (E cancelar as passagens compradas Kazan-Krasnoiarsk na 3a classe.) Demorou um tantico, entre nosso péssimo russo e indecisão, mas acabamos conseguindo, e saímos da estação de trem com mais uma coisa incrivelmente preciosa pra ficar paranóico de perder (desde o começo já havia o JR Pass e os passaportes). Descansamos até de noite, e à noite fomos pra TsUM, a loja de departamentos chique ainda da época soviética, abrigada num monstrengo brutalista (e olha que normalmente a gente curte brutalismo), pra comprar uma bolsa que substituísse a mochila rasgada, e aproveitar pra passar no supermercado de lá (o mercado municipal sendo mais longe pra andar) e comprar provisões pra viagem, incluindo koumiss (goró de leite de égua), queijo com pétalas de rosas, frutinhas, manteiga, mel, carnes curadas...
Mel. Sim, mel. Meeeel.

Na saída, a idéia era voltar pra "rambla" a pé, mas o vento que corria pelo Volga cortava mais que todas as espadas da Horda de Gêngis Cã, então pegamos foi o metrô mesmo. Duas estações, OK. Na saída do metrô, descobrimos que a rambla tem um andar subterrâneo, com lojinhas e espaço de circulação; dá pra ir a pé duma estação de metrô à outra, escapando do frio. Mas nenhum restaurante habitava o subsolo, então fomos encarar o frio da noite. A galera da balada não parecia se importar tanto com o frio quanto a gente, e conversava animada rua afora. Acabamos indo parar num prédio compartilhado por quatro restaurantes. Uma cervejaria alemã, um restaurante italiano, um restaurante "medieval inglês," e um usbeque. Fomos no usbeque, claro, que tinha tanto mesas comuns quanto mesas baixas com almofadas e "tendas," as costas de Thuin não deixaram ficar na opção maneira, mas a comida era boa, lembrando uma mistura de árabe, russa, e chinesa (muitas, muitas especiarias e temperos, ao contrário do normal na Rússia), e para finalizar tinha um "chá do caçador" que era feito com chá defumado - estilo Lapsang Suchong - com frutas secas boiando no meio. Mari, em especial, virou fã. O pão era tão bom que pedimos mais para a viagem.


Cês acham que só o metrô de Moscou é escalafobético...

Voltamos pro hotel e fizemos o check-out. Pelo baixo movimento, a moça nos deixou ficar no quarto depois do check-out, até a uma da manhã. E finalmente, às duas, fomos lá rumo à estação (o frio estava pior ainda) para nos perder um pouco sobre a plataforma certa e embarcar no trem. Com direito à provodnitsa não querendo nos deixar entrar porque o nome de Mari não estava grafado exatamente igual no passaporte e na passagem (só deixou depois de inclusive chamar a provodnitsa-chefe do trem - que também não chegou muito feliz, depois de andar os 500m do trem naquele frio. Sim, trens na Rússia têm meio quilômetro.)
A torre dos bogomils à noite

O trem saiu de Kazan num negrume absoluto. Só se via, ao longe, as luzes da própria cidade, e a cena meio "dark satanic mills" (Thuin) ou de céu dourado (Mari) da termelétrica e da refinaria, depois do Volga. Mari ficou fascinada com o céu dourado às duas da manhã. Passamos pela ponta européia da Estepe, mas sem ver nada...

Dark Satanic Mills

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