Wednesday, March 30, 2016

30.3.2015 Em algum lugar entre Ulan Ude e Chita, temperatura "dentro do trem tá 30 graus," Altitude ascendente



Os nomes dos lugares, quando se está na fronteira de Rússia, Mongólia, e China, começam a ficar com cara de algo saído de um romance de R.E. Howard. Assim é que o trem avançava, em meio a uma tempestade de neve, entre a taiga infinita e a estepe oceânica, rumo às Montanhas das Macieiras e às margens do Huluun Nuur, o lago dos pés. Em contraste com toda essa descrição de Conan, os outros inquilinos do vagão 28 do trem 7 eram, quase todos, velhinhos. Nós éramos provavelmente as pessoas mais novas do vagão por uma margem considerável. O trem passou por Chita pela hora do almoço (com as correrias do dia anterior, não tínhamos empacotado comida dessa vez, e ficamos na mão do vagão-restaurante - que, claro, pela sagrada lei de murphy, DESSA VEZ era horrível); Chita é onde começa o "delta" da transsiberiana, digamos assim; é onde se dividem a Transmanchuriana, que vai para Pequim, e o ramo para Vladivostok; também é de onde sai a ligação a norte para a Bam, que termina no porto de Sovetskaya Gavan. Enfim. A última parada em que se pode ter mais de um destino - e mesmo assim, de lá até Vladivostok seria ainda mais de dois dias.
À distância, as Montanhas das Macieiras. No primeiro plano, algum afluente do Rio do Dragão Negro

As montanhas das macieiras são mais íngremes que os Urais, e a paisagem, mais espetacular, mas ainda assim nada parecido com a Serra do Mar; são montanhas marrons e brancas na distãncia, mais do que passes espetaculares a torto e a direito, e o trem não avança reto como pelo meio da Sibéria, mas também não chega a fazer nenhuma curva que se sinta. Uma coisa que não deixa de ser fascinante é como, mesmo no meio de absolutamente lugar nenhum, as estações das cidadezinhas têm oito, dez pares de trilhos; não é tão estranho, se você lembrar que a cidadezinha nasce justamente em volta desse pátio de carga.
A última côdea do pão finlandês

Devia estar gélido do lado de fora, com os rios apenas começando a degelar, mas no trem fazia tanto calor que fazíamos o que chamamos de "ligar o ar condicionado" - abrir a janela, mesmo quando estava nevando fora, e morrendo de medo de tomar esporro da provodnitsa.

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