| O trem que nos levou a Irkutsk foi o mesmo que faz a Transmanchuriana, por isso o brasão da China. |
Enfim chegando a Irkutsk (a viagem foi curtinha, afinal - só uma tarde, uma noite, e uma manhã) um pouco depois do meio dia, estávamos na dúvida sobre se iríamos ou não para Listvyanka, ver o lago Baikal, afinal. Motivos pra ir: é a porcaria do lago Baical, com o gelo transparente; tinha o aquário das nerpas; o albergue fofo era dos lugares de que tínhamos mais gostado de todos. Motivos para não ir (e para se arrepender de, constatado que o trem era tranquilo de pegar, ter ido de Krasnoyarsk pra Severobaikalsk, no norte do lago, mas isso era pra ter visto quando compramos as passagens e a Inês já era morta): 100km de carro, sendo que pra ir na esquina Thuin já fica ruim. Resolvemos ir na matriz do albergue de Listvyanka, em Irkutsk mesmo e perto da estação de trem, e perguntar para eles como seria, inclusive da possibilidade de ficar neles ao invés de em Listvyanka. Chegando lá, acabou a vontade falando mais alto que a prudência, e o povo do albergue mesmo solicitou um táxi pra gente; uma van japonesa (sério, com instruçãozinha em japonês em tudo que é canto e motorista do lado contrário) dirigida por uma senhorinha. Um pouco mais de hora e meia depois, dirigindo por um caminho que começa ao longo do rio Irkut e depois envereda pelo meio da taiga, estávamos em Listvyanka - Thuin tão derreado que não conseguia carregar nem a mochila de mão para ajudar. Chegamos no albergue, a moça bufou com o povo de Irkutsk que não tinha falado pra deixar lá mesmo as mochilas grandes, nos apresentou a casa e nosso quarto, e explicou como funcionava a banya; o lugar era realmente lindíssimo, todo de madeira nova, mas a única preocupação naquele momento era deitar no chão e tomar um monte de remédios; até se levantar já era noite, e fomos aproveitar, à noite, a banya, que era uma casinha situada fora da casa principal do albergue.
| A estação de Irkutsk. Por algum motivo, lembra Petrópolis |
A banya, que nos foi explicada pelo carpinteiro-mecânico-pau-pra-toda-obra, que era basicamente um anão do Tolkien (mais largo que Thuin, e com uns 1,60 de altura) era uma delícia, a lenha, com um balde que se enchia com água vinda direta da nascente nos morros em volta, ou seja, de água bem próxima de zero grau, uma antesala onde se podia jogar xadrez, e ramos de folhas de bétula pra se açoitar. Dilicioso. Saímos de regata no meio da neve, com a pele fumegando e sem sentir frio. Mais tarde, já à noite mesmo, descobrimos que chovia no corredor; era a caixa d'água, que é enchida com água de nascente, vazando porque a bomba ainda não estava bem instalada (a casa ainda tinha cheiro de madeira nova); foi lá nosso herói anão a praguejar contra o degelo pra resolver a chuva indoor. E comemos macarrão que tinha disponível pros hóspedes de janta, com restos mortais de coisas que tínhamos levado pro trem e tomate enlatado.
| O albergue em Listvyanka |
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