Sunday, April 10, 2016

10.4.2015 Osaca 8 a 14C Altitude 24m



No 2o dia em Osaca, pela primeira vez pegamos o metrô sem ser o trem da JR, e compramos um bilhete diário; depois acabamos nos dando conta de que dava pra chegar de JR (isso é, usando só o JR pass e não pagando nada) sem andar muito mais, e mesmo para usar o metrô podíamos ter usado só um ida e volta. Enfim, coisas de gringo. No metrô, milhares de anúncios dum estranho animal azul; depois descobrimos que é o mascote do novo prédio mais alto da cidade, e é o Sky Bear. Fomos ao museu histórico de Osaca, que fica ao lado do antigo castelo. Ou do novo castelo, já que o torreão é uma reconstrução em concreto do castelo, destruído ainda durante a instauração do xogunato Tokugawa, no século XVII. Saímos do metrô e descobrimos que chovia uma chuvinha chata, estragando nosso plano de fazer piquenique no castelo; o caminho margeava uma larga avenida e o fosso do castelo.



O museu não aparecia, e começamos a pensar que tínhamos conseguido nos perder num caminho tão reto assim; passamos por uma loja de conveniência (no Japão, não precisa de posto de gasolina pra ter loja de conveniência, e elas estão por toda parte), compramos um saquê e uma coca, filamos o wifi, e seguimos em frente; o problema não era tanto estar no caminho errado quanto não ter, na larga avenida, nenhum sinal de trânsito ou passagem para usar, e ela, começou a se afastar do castelo... mas apareceu, enfim, uma passarela, e entramos nos jardins do castelo. Muitas cerejeiras em flor, com mais flores ainda no chão, jogadas pela chuva; depois de atravessar um bosquedo, dava pra ver as muralhas exteriores (essas sim originais, de pedra) do outro lado do fosso, também coalhado de flores de sakura. Um pouco incongruamente, no meio desse pátio de castelo, além das cerejeiras, um monte de latões de lixo (não tem lata de lixo na rua, mas tem nos parques, pra piqueniqueiros) e uns brinquedos de criança, desses básicos de parquinho. Eventualmente, saímos por uma pequena ponte, ao lado do centro de visitantes, deixamos pra lá a breve ideia de visitar o torreão, com seu museu de si mesmo, e atravessamos a rua de novo, correndo porque o sinal era estilo SP: fica verde, você tem três apitos antes dos carros te atropelarem.

O museu é um prédio de dez andares que divide o lobby com a NHK, a tv japonesa que passa nas tevês a cabo brasileiras, com direito a uns banners bem bregas no lado NHK, um contraste absurdo com o museu minimalista. Entra-se e sobe-se ao último andar, para então descer pelos 6 andares de exposições. Logo de cara, um imenso painel com ideogramas arcaicos, formado de cerâmica para a qual se usou a mesma camada de terra aonde estava enterrada a primeira Osaca, chamada de Naniwa, um dos aglomerados urbanos mais antigos do Japão. (O guia do museu força um tico a barra chamando de "primeira capital do Japão.") As exposições juntam objetos antigos com maquetes de todos os tamanhos - tem uma reprodução em tamanho natural, com manequins, de uma cerimônia no castelo de Naniwa. Em cada andar, um carimbo diferente. No Japão, pontos de interesse como museus e outras atrações turísticas, prédios de governo importantes, ou estações de trem têm carimbos, que as pessoas colecionam em seus cadernos. Mari adorou a ideia, e fez questão de carimbar todos os seis. Entre os andares, escadas rolantes com janelões de vidro daonde se vê o torreão do castelo; se não estivesse chovendo, quer dizer. Do jeito que tava, deu pra ver beeeem mais ou menos.

Na saída do museu, ainda deu pra ver, na praça em frente, a reprodução dum armazém pré-histórico escavado ali mesmo e, em volta, tocos de madeira na mesma posição das pilastras dos outros armazéns escavados no local. Não custa lembrar que a cultura protojaponesa, trazida da Coréia, é acima de tudo a cultura do arroz, e portanto do armazém pra proteger o arroz dos ratos... pegamos o trem para o centro da cidade, onde ficam os museus de arte contemporânea e ciência - ao contrário de Tóquio, em que o antigo castelo era o centro em torno do qual tudo gravitava, e o bairro central de negócios se chama Marunouchi, "pátio do castelo," em Osaca os mercadores e o porto sempre reinaram, e o castelo é quase no subúrbio. O porto medieval, claro, hoje fica a vários quilômetros do mar (nosso hotel, no que era porto nos anos 50, fica a 3km), então só o que tem é um bairro de negócios, rico, com largos canais atravessando. Andando por essa área, um restaurante mais apetitoso que o outro, inclusive um chamado "porco." Assim, em italiano ou português. O cardápio parecia uma delícia, não fosse a quantidade de zeros na coluna da direita.
A antiga estação central

Os museus, descobrimos só ao ver, eram parte da mesma estrutura. O de ciências numa torre gordota, o de arte no subsolo, com uma entrada de vidro curiosa em meia lua, quase abraçando o de ciências. Como faltava uma mera hora para a última entrada (e mais uma hora lá dentro antes de ser enxotado), Mari foi entrando sozinha no de arte enquanto Thuin ia pro de ciências. Este não tem grandes pirotecnias, mas sim aqueles experimentos comuns de museu de ciência, só que todos muito bons e muitos, muitos, mas muitos mesmo deles. E crianças aproveitando, apesar de ser uma sexta-feira. Sem brincar com tudo, deu tempo ainda de Thuin sair de lá e entrar no museu de arte contemporânea, quase no photochart (as moças da bilheteria riram da pressa). Este estava inteiro dominado por uma única exposição, "sombras de Jiro Takamatsu." Sim, era a retrospectiva da carreira do moço; além dos trabalhos com sombras literais, uma fase particularmente interessante tinha instalações e esculturas com matérias brutas.

De volta ao hotel, resolvemos que DESSA VEZ íamos fazer o piquenique de qualquer jeito (a bendita garrafa de vinho e os benditos queijos e ova estavam na mochila passeando conosco de um lado pro outro há tempos), e fomos para a praça, coberta, defronte ao hotel fazer piquenique na mesinha. A ideia não durou muito tempo, porque estava um vento frio cortante, por mais que a praça fosse coberta e rodeada de prédios altos, então fomos pro quarto terminar o piquenique em cima da cama.

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