Tuesday, April 26, 2016

26.4.2015 Tóquio 14 a 20C Altitude 6m



Nosso penúltimo dia inteiro da viagem, e resolvemos fazer o dia de criança, indo no museu marítimo (já que o de Osaca, que parecia mais bonito, fechou as portas), na "ponte futurística," e no museu de ciências, todos na ilha de Odaiba, que foi construída para ser parte do porto de Tóquio, mas virou cidade quando os navios foram crescendo e o porto, por isso, se deslocando pra partes mais fundas da baía.

A tal ponte "futurística" é um belo dum projeto de marketing mais do que qualquer outra coisa; o yurikamome é simplesmente um metrõ sobre pneus, como os de Paris, sem maquinista, como os de São Paulo. Não que não tenha sido um passeio interessante de Shinagawa a Odaiba, mas isso foi simplesmente por ser um trem elevado em viaduto muito alto, em espaços em que se tinha belas vistas da baía e da própria Tóquio vista "de fora." Espaços com um pouco de cara de Barra da Tijuca com trem e sem muros, é verdade: grandes condomínios e instalações comerciais, ao invés de prédios "comuns," divididos por jardins baixos.  O museu marítimo é algo inacreditável: enquanto o de Osaca era um prédio belíssimo do IMPei, minimalista, o de Tóquio é simplesmente uma cópia de um navio de passageiros. Tipo carrocinha de cachorro quente em grande escala. Com uma entrada de mármore com colunas, com cara de iate clube, no meio do "casco" do navio. Bem, mas a gente não tava lá pela arquitetura, então... demos com a cara na porta. Não fechou de vez como o de Osaca, mas estava fechado para reformas. Passamos na lojinha, que vendia basicamente kits de montar e livros sobre guerra naval, e voltamos ao yurikamome para chegar ao museu de ciência, o miraikan. Antes de entrar neste, comemos no food truck que tinha em frente; um picadinho de galinha com dez toneladas de maionese que estava gostoso, mas não tanto que justificasse as 35h que passamos na fila. O chopp artesanal do outro food truck, quase sem fila, era mais interessante.

Miraikan pode ser traduzido como "Museu do Amanhã" e, assim como seu xará carioca, o toquiota tem um globo-led com informações sobre o mundo no lobby. Só que tanto globo quanto lobby são bem maiores, há telas para se escolher alguma informação (e entrar pra fila, claro, não ver na mesma hora), e... há esteiras e almofadas no chão do lobby, em que toca uma música suave. É impossível não deitar pra olhar,  e bem difícil não dormir... o resto do museu tem um foco mais em novíssimas tecnologias do que em ciências em geral; pra gente foi bem interessante, inclusive a inevitável robô que conversa, mas para crianças talvez fosse menos legal do que um mais interativo. Uma sala que adoramos foi uma que reproduzia o super-Kamiokande, o grande detector de neutrinos japonês, e era ligada a ele de tal forma que quando uma célula do Kamiokande detectasse a passagem de um neutrino, a célula equivalente na sala do Miraikan se acendia. Entre a reprodução quase perfeita (se em menor escala), saber que era em tempo real, e o abafamento sonoro, a sensação, pelo menos prum nerd, era bem mágica.

De volta ao Yurikamome, ao trem, e... a Ueno de novo. Entre ter visto meio correndo e não ter podido tirar fotos, queríamos visitar o pavilhão de arte japonesa de novo, e aproveitamos para visitar também o museu nacional de arte ocidental - que é bastante interessante, sem ser enciclopédico.  E do museu pegamos a linha Yamanote direto pra Harajuku, para ver "os adolescentes doidos," os cosplayers, lolitas, bosozokus e outros exóticos do parque Yoyogi. Chegamos já no crepúsculo na estação Yoyogi, uma estação com cara de chalé suíço e massas enormes de rododendros plantados em volta, e tentamos ver se inda dava pra bizoiar o santuário Meiji, mas as portas tinham acabado de fechar. De lá, fomos pro parque, onde um monte de gente encerrava seus piqueniques. Muito poucos cosplayers, tanto no parque quanto nas ruas em volta, mas uma infinidade de turistas. Acho que tinha muito mais gente lá para ver os adolescentes vestidos de forma exótica do que os próprios. Passeamos um pouco pela área, onde tinha uma infinidade de butiques espalhadas por uma infinidade de ruelas, de pedestre ou só estreitas (daquele modelo de rua japonês com uma faixa de carro e uma listra no chão delimitando uma faixa de pedestres de 1m de largura), das mais povão às mais requintadas, comemos num café apertadinho um engana-fome, e pra voltar pegamos a estação Shibuya - aka "aquela esquina com a multidão inimaginável de gente."  E um trem velho na frente, usado pela prefeitura de Shibuya (os distritos de Tóquio são como se fossem cidades, lembrando) como guichê de informações turísticas. Não nos pareceu o melhor lugar do mundo - pra pedir informações ao funcionário, você tem que se segurar na janela pra não ser levado pela multidão, praticamente. E por mais que japonês fale baixo, o barulho dessa multidão é como de mar batendo na praia. Isso às oito da noite dum sábado...

De Shibuya, voltamos pra Shinagawa (mesmo lugar onde pegamos o yurikamome pra Odaiba) pra pegar o trem-bala rumo a yokohama e ao museu do miojo. Ou melhor, o Museu do Ramen de Yokohama. Já que o trem só sairia dali a 11 minutos, inda nos demos ao trabalho de reservar os assentos na primeira classe (bem, também porque Thuin já tava mancando por conta da coluna, e a cadeira melhor, mesmo que por, bem, outros 11 minutos, ajudaria). O "museu" na verdade é um grande cubo de concreto, dentro do qual tá reproduzido um bairro popular da metade do século XX, em três andares. (Não deixa de lembrar vagamente uma favela brasileira.) Nas "casas," 16 dos melhores restaurantes de ramen do mundo instalaram filiais; você compra tíquetes para comer neles em máquinas parecendo máquinas de venda dos anos 60. Infelizmente, chegamos com pouco tempo antes de fechar (pelo guia, parecia que ele fechava para entrada às 10 e se tinha uma hora então, mas não, 10 era a hora de fechar tudo), então só pudemos comer em dois deles; um com comida do Tohoku, no norte do Japão, e um que fazia uma fusão com comida francesa. Ambos deixaram bem claro na sua untuosa deliciosidade que infelizmente não é modo de dizer. Com mais tempo, dava pra ter comido em todos os 16, e voltado pra Tóquio de trem de carga. Na volta, paramos um pouco numa livraria que ainda estava aberta e tinha diversos mangás por apenas 100 ienes; compramos um par, e fomos pra estação... quando nos demos conta de que tínhamos deixado a gravura comprada no museu nacional para o pai de Thuin na livraria. Mari voltou correndo pra livraria enquanto Thuin esperava com a mochila na porta, e os dois entraram literalmente no último trem da noite na direção de Tóquio, morrendo de medo de ter que dormir no banco do saguão.



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