Wednesday, April 6, 2016

6.4.2015 Fukuoka, 12 a 16C Altitude 9m



Alá a ciclovia
Nosso primeiro alvorecer na terra do sol nascente, com o perdão do clichê (aliás não é só clichê, é a tradução literal do nome do país mesmo), numa cidade que pode alegar que é onde ela nasceu (o documento mais antigo registrando algo por escrito no Japão foi achado numa escavação num subúrbio de Fukuoka). Tínhamos alguns pontos pra procurar (museu de arte asiática, museu nacional- Kyushu, museu regional de Fukuoka). Mas antes, café. Atravessamos a praça para a estação, e descemos à loja de departamentos de comida no subsolo. A variedade e qualidade de comida era bastante impressionante mas nesse momento só passeamos; mais acima, no quiosque de marmita ferroviária (ekiben), compramos nosso "brunch," que comemos no jardinzinho no topo da estação (que também continha um trenzinho de brinquedo pra crianças andarem e uma capela dedicada ao deus dos caminhos de ferro). E um mirante, já que "no topo da estação" significa "no topo da loja de departamentos de 10 andares em cima da estação."

Devidamente alimentados, fomos passear pela cidade, na vaga direção do museu de arte asiática; a ideia não era chegar em linha reta, mas uma hora chegar; pelo mapa, seriam uns 12 quarteirões. Pelo caminho, passamos por um shops onde Thuin, que estava resfriado, comprou uma máscara pra fazer como os romanos, e compramos um carregador USB pra tomada japonesa, por uma grande galeria, rua coberta, cheeeeeia de tudo quanto é tipo de loja de tralha, inclusive tudo quanto é tipo de loja de comida, por um pequeno templo budista, com direito a santuário xintô no canto, onde jogamos nossa primeira moedinha aos kami e vimos de perto a primeira cerejeira realmente radiante, por um banheiro público que usamos (privacidade zero), e por um canal cheio de cerejeiras nas margens.

O museu de arte asiática fica nos últimos dois andares de um prédio comercial; o aluguel dos andares abaixo vai para a manutenção do museu. No elevador do museu, o seguinte diálogo:

-(Mari)Todo mundo aqui é baixinho.
-(Thuin) Nada a ver, esses japoneses que entraram agora são da minha altura.
-(Pessoas conosco no elevador): nín xiān qǐng” shì lǐ mào
-(Thuin) Deixa pra lá.

Dentro do museu, as obras - todas modernas e contemporâneas, todas da Índia pro leste - eram bastante variadas e bastante interessantes; o espaço, até bastante grande, parecido com o dum Masp ou Mam. Num momento, quando estávamos olhando um registro dum cara que acompanhou trabalhadores vietnamitas na colheita de bagas sueca e fez disso uma instalação, o curador do museu(!) foi falar conosco, perguntar de onde éramos. (Fukuoka tem bastante turista coreano e alguns chineses, mas quase ninguém de mais longe; no geral, povo assumia que éramos russos) e conversamos um pouco, bem pouco.

Na saída do museu, fomos até o outro museu, de artes tradicionais, que era perto, passando por uma praça simpática apesar de meio abandonada (aquelas em que o chão é mais terra batida do que grama), com uma canforeira grande cheia de papelotes. Este museu era bem menor que o primeiro, um sobrado, e era meio museu meio loja, com panos, marchetaria, cerâmica, tudo comprável; vimos o processo de fabrico dos panos num vídeo e compramos um moedeiro e uma carteira. Na rua do museu, que era uma rua secundária, outro templo e muitas camélias e rododendros, e umas wistérias.

Voltamos ao hotel para descansar, e à noite fomos conhecer as barraquinhas de comida que, pelo visto, são a principal atração turística da cidade. Há três áreas de barraquinhas; ao longo do velho porto, ao longo do rio que já tínhamos visto, e em volta do parque principal. Resolvemos ir na segunda, que era a mais próxima e não requeria usar o metrô (metrô no Japão custa pelo menos 7 pila a passagem). As barraquinhas não têm nada demais visualmente; são barraquinhas de comida, com bancos na frente pra se comer no balcão. Por conta do frio e da chuvinha fina, estavam todas escondidas atrás de cortinas plásticas semitransparentes; do outro lado do caminho de pedestres, cerejeiras e ameixeiras e, depois, o canal.  O Fantasma da Indecisão, herança de família nos assombrou e fez demorarmos literalmente uma hora pra decidir em que barraquinha ir; escolhemos uma de espetinho. Deu certo, porque os espetinhos eram realmente fenomenais, inclusive um de pele de galinha crocante, e mais um caldinho de legumes pra arredondar. Repetimos, lavamos com uma cerveja Asahi (depois descobriríamos que é a melhor das cervejas industriais japonesas; lembra a Antarctica pré-Ambev um pouco, bastante seca), e voltamos de metrô - parte porque joelho de Thuin estava ruim, parte por pressa de dormir depois de encher o bucho mesmo.

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