| Alá a ciclovia |
Devidamente alimentados, fomos passear pela cidade, na vaga direção do museu de arte asiática; a ideia não era chegar em linha reta, mas uma hora chegar; pelo mapa, seriam uns 12 quarteirões. Pelo caminho, passamos por um shops onde Thuin, que estava resfriado, comprou uma máscara pra fazer como os romanos, e compramos um carregador USB pra tomada japonesa, por uma grande galeria, rua coberta, cheeeeeia de tudo quanto é tipo de loja de tralha, inclusive tudo quanto é tipo de loja de comida, por um pequeno templo budista, com direito a santuário xintô no canto, onde jogamos nossa primeira moedinha aos kami e vimos de perto a primeira cerejeira realmente radiante, por um banheiro público que usamos (privacidade zero), e por um canal cheio de cerejeiras nas margens.
O museu de arte asiática fica nos últimos dois andares de um prédio comercial; o aluguel dos andares abaixo vai para a manutenção do museu. No elevador do museu, o seguinte diálogo:
-(Mari)Todo mundo aqui é baixinho.
-(Thuin) Nada a ver, esses japoneses que entraram agora são da minha altura.
-(Pessoas conosco no elevador): nín xiān qǐng” shì lǐ mào
-(Thuin) Deixa pra lá.
Dentro do museu, as obras - todas modernas e contemporâneas, todas da Índia pro leste - eram bastante variadas e bastante interessantes; o espaço, até bastante grande, parecido com o dum Masp ou Mam. Num momento, quando estávamos olhando um registro dum cara que acompanhou trabalhadores vietnamitas na colheita de bagas sueca e fez disso uma instalação, o curador do museu(!) foi falar conosco, perguntar de onde éramos. (Fukuoka tem bastante turista coreano e alguns chineses, mas quase ninguém de mais longe; no geral, povo assumia que éramos russos) e conversamos um pouco, bem pouco.
Na saída do museu, fomos até o outro museu, de artes tradicionais, que era perto, passando por uma praça simpática apesar de meio abandonada (aquelas em que o chão é mais terra batida do que grama), com uma canforeira grande cheia de papelotes. Este museu era bem menor que o primeiro, um sobrado, e era meio museu meio loja, com panos, marchetaria, cerâmica, tudo comprável; vimos o processo de fabrico dos panos num vídeo e compramos um moedeiro e uma carteira. Na rua do museu, que era uma rua secundária, outro templo e muitas camélias e rododendros, e umas wistérias.
Voltamos ao hotel para descansar, e à noite fomos conhecer as barraquinhas de comida que, pelo visto, são a principal atração turística da cidade. Há três áreas de barraquinhas; ao longo do velho porto, ao longo do rio que já tínhamos visto, e em volta do parque principal. Resolvemos ir na segunda, que era a mais próxima e não requeria usar o metrô (metrô no Japão custa pelo menos 7 pila a passagem). As barraquinhas não têm nada demais visualmente; são barraquinhas de comida, com bancos na frente pra se comer no balcão. Por conta do frio e da chuvinha fina, estavam todas escondidas atrás de cortinas plásticas semitransparentes; do outro lado do caminho de pedestres, cerejeiras e ameixeiras e, depois, o canal. O Fantasma da Indecisão, herança de família nos assombrou e fez demorarmos literalmente uma hora pra decidir em que barraquinha ir; escolhemos uma de espetinho. Deu certo, porque os espetinhos eram realmente fenomenais, inclusive um de pele de galinha crocante, e mais um caldinho de legumes pra arredondar. Repetimos, lavamos com uma cerveja Asahi (depois descobriríamos que é a melhor das cervejas industriais japonesas; lembra a Antarctica pré-Ambev um pouco, bastante seca), e voltamos de metrô - parte porque joelho de Thuin estava ruim, parte por pressa de dormir depois de encher o bucho mesmo.


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