Apesar de termos a manhã pra ver aqueles museus todos que tínhamos listado, os dois intrépidos buscadores de lugares cada vez mais remotos resolveram ao invés disso ir pra Takaoka, uma cidadezinha perto, de manhã cedo para ver uma grande estátua do Buda; haveria tempo sobrando pra ir nos museus depois. Obviamente que não deu, né. Começou fácil, pegando o Hokuriku Shinkansen, que, recém-inaugurado, é muito mais chique que os outros shinkansen, com direito à cadeira se mexer sozinha e a uma "gran class" que não podíamos usar com o JR Pass verde e que parece primeira classe de avião. Meio desnecessário, pruma viagem que no máximo dura três horas, mézanfã. A estação shin-Takaoka, como em Osaca, não fica em Takaoka. Para chegar à estação Takaoka - no centro da cidade, enorme e tinindo de nova, lembrando a própria estação de Kanazawa, só que sem o terminal de ônibus lindo na frente (tinha um terminal, só não era lindo) - tínhamos que pegar um trem local. Este foi o maior contraste possível com o Hokuriku. Velhinho, fedido, e meio cabritex, o que não foi tão ruim porque o percurso dele inteiro não passou de 10 minutos, se tanto.
Em Takaoka, descobrimos em ambas as estações de trem, vários cartazes, tampas de bueiro, etc etc ETC, o grande orgulho local, mais do que o daibutsu ("3o maior do Japão!") é o fato de Lorde Maeda (o fundador da família que tornou Kanazawa uma potência cultural, algo como uma versão mais guerreira dos Médici) ter dormido lá uma vez, ok, ter fundado a cidade, e o capacete dele aparece em toda a parte. Nós, claro, nos perdemos nos poucos quarteirões da estação ao Buda, mas foi um se-perder até agradável, parte pela feira de sábado de antiguidades e comidinhas que velhinhos fazem em casa (Thuin comprou umeboshi). O daibutsu é menos impressionante do que, dizem, são os dois maiores, pelo menos pra nós; algumas das obras de arte sacra na capela na sua base eram bem mais interessantes, inclusive uns pergaminhos e um móbile indiano fantástico. Mas vimos no mapa que ao lado do daibutsu estava o parque sobre o antigo castelo, então lá fomos descobrir que, sem as grandes ambições paisagísticas de Kanazawa ou um torreão reconstruído, o parque era ainda muito bonito, com cerejeiras e camélias largando as flores na água dos fossos. E a visita ao parque, claro, demorou muito mais do que pensávamos que demoraria. Resultado: quanto chegou a hora de voltar para Kanazawa, já era hora de fechar dos museus, e no mercado central, que visitamos, vários dos quiosques também já estavam fechando as portas. Ainda deu para passear um pouco (e salivar muito nos legumes e frutos do mar, alguns de ambos dos quais não conseguimos reconhecer e tudo bonito), e subir para comer a janta cedo num dos restaurantes do mezanino. Este, bem apertado (o pé direito do mezanino do mercado central deve ser de menos de 2,20m), era especializado em sobá, e comemos uns sobás deliciosos, um de carne de Hida e outro de legumes caipiras.
E enfim, nesse dia um pouco anticlimático depois da apoteose do dia anterior, seguimos de volta para o banho público com água marinha, pra encerrar cancelando a visita a Katsura (porque nos demos conta de que não daria tempo para passar lá em Quioto antes de ir a Nikko) e o almoço no restaurante de comida kaiseki francesa (idem). A moça da agência imperial agradeceu muito o cancelamento ao telefone; nos perguntamos se muita gente simplesmente dá bolo ou se era efusividade natural mesmo.
No comments:
Post a Comment