Wednesday, April 13, 2016

13.4.2015 Osaca, 14 a 18C Altitude 24m


A estação Quioto, de fora
Neste dia fomos novamente a Quioto, dessa vez já sabendo que era mais jogo pegar o Lex direto. E ainda descíamos numa plataforma mais perto do metrô, o que não é pouca coisa numa estação de 33 plataformas. Chovia copiosamente em Quioto, portanto compramos um guarda-chuva na loja de conveniência da estação; como ele era caro e simples, inda tentamos dar uma banda pela loja de departamentos anexa pra ver se achávamos um melhor ou mais barato, mas rapidamente chegamos à conclusão de que nos perderíamos e passaríamos o dia inteiro ali. Pegamos o metrô rumo ao palácio imperial, para reservar a ida a Katsuura. E, na saída do metrô... um camelõ vendia os mesmos guarda-chuvas, exatamente idênticos, mesma marca, tudo, pela metade do preço da loja de conveniência da estação. Ah well. Nunca compre nada em aeroporto se puder evitar, etc etc.
O portão principal do castelo de Nijô, com tapumes

Pegamos um ônibus para percorrer os três quarteirões compridíssimos entre o palácio imperial e o castelo de Nijo; daria pra ir a pé, mas já tínhamos comprado tíquete diário pra todos os transportes mesmo. Para um brasileiro, o ônibus era A) ridiculamente limpo e com a suspensão muito macia (mal sentíamos até rachadura feia na rua), e B) excruciantemente lento, comparado com ônibus paulistanos. Comparado com ônibus cariocas, ele não se deslocava. Até porque não tem essa de motorista contar dinheiro andando; se precisava contar dinheiro, ficava parado pelo tempo necessário.
Parte da talha do portão interior

O castelo estava recém-reformado; na verdade, o portão principal, atrás de um fosso largo e sobre uma muralha de pedra seca como os de Himeji e Osaca, estava sendo reformado ainda, com andaimes e tapumes brancos escondendo todo ele. Parecia que estávamos entrando num portão modernista, não medieval. Atrás do portão, os espaços eram menores do que no primeiro pátio de Himeji, mas bem maiores que nos subsequentes, e os muros mais baixos. Não há torreão no castelo de Nijo mais; aparentemente, ele queimou em 1700 e, como o castelo já não tinha mais importância militar há muito tempo, ninguém se deu ao trabalho de reconstruir, e nem ousaram fazer isso (e arriscar mexer no palácio) na onda de reconstrução de castelos dos anos 60-80.
Pinturas da escola de Kamo. (Tioricamente era ilegal tirar foto, mesmo sem flash, mas tinha uma pá de gente tirando, grazadeus sem flash.)

Sim, palácio. Passando os primeiros portões e as edificações que antes eram cavalariças, armazéns, casas de sicofantas e cortesãs, etc etc etc, você entra no palácio mais fueda sobrevivente no Japão. A talha de madeira sobre os portões de entrada, recém restaurada, é comparável a qualquer Aleijadinho ou Gunther, mas mais delicada que os primos europeus, quase uma aquarela 3d. Ao lado da entrada do palácio, um estande com dezenas de travas de guarda-chuva, e uma calha feita por uma corrente de baldes, fazendo com que a água não respingasse sobre as paredes de taipa de pilão e madeira.
O jardim de Nijõ

Dentro do palácio, a opulência continuava. Muitas pinturas da escola Kamo, com fundo de ouro. E uma formalidade absurda, segundo o audioguia: salas para cada estágio da hierarquia, e divididas por sexo em cada caso. O mais curioso é que todas essas salas formais de audiência, erguidas sem pensar no custo, para humilhar mesmo o imperador ali do lado, quase não foram usadas. Além de não ser fortaleza, Nijo também não foi palácio; o Xógum morava em Edo, hoje Tòquio, e de lá não saía. Um senescal cuidava de toda a talha, e pinturas, e biblioteca, e jardins inestimáveis, andava pelos pisos rouxinol... não contamos sobre essa: os pisos do palácio são "pisos rouxinol," com pregos ajustados pra ranger lembrando um chilro mesmo, teoricamente tanto como brinquedo quanto como sistema de alarme. No auge da temporada turística, isso significava que andávamos no meio de uma barulheira digna dum bando de maritacas. Mas melodiosa.
Isso é uma rua, uma ciclovia, e uma calçada. Juro.

Saindo de Nijo, já não era muito cedo. Resolvemos comer num restaurante que o guia elogiava que era nepalês, e ficava no mercado municipal. Que é, na verdade, um monte de ruas de pedestres cobertas com lojinhas, não uma única estrutura. Pegamos outro buso, e chegamos na ponta da área. Que, bem, era um tico maior do que imaginávamos. E bem interessante, com lojas de tudo que é coisa, mas incluindo muitas de materiais tradicionais, como tecidos ou papel (lindos), e até um par de sebos de gravuras. O restaurante nepalês, quando enfim achamos (numa rua secundária não-coberta e aberta a carros e bicicletas. Bem, um carro OU uma bicicleta de cada vez, e um pedestre magro), estava fechado para o almoço (já eram umas três da tarde), e só reabriria à noite, então voltamos lá para a rua principal da área de compras. Eventualmente, e nos recusando a comer Sukiya, hambúrguer, ou pizza, ficamos com um lugar de Okonomiyaki, bem com cara de boteco, com pratos 3d na vitrine. Pedimos o okonomiyaki x-tudo de interior, que tinha camarão, boi, porco, galinha, bacon, lula, e provavelmente algum incauto que passou perto da cozinha. Servido pelando numa chapa pelando no meio da mesa. Não levada à mesa; a mesa tem a chapa integrada. Come-se, todo mundo, direto da mesa. Era gostoso, mas nada que se comparasse ao que comemos em Osaca. Como ainda estávamos com um tico de fome, pedimos um de carne com bacon. Como nosso japonẽs era parco, a dona nos levou um de carne E um de bacon. Enfim. Com a pança cheia de okonomiyaki, cerveja, e um copo de licor de ameixa, lá fomos embora de volta pra Osaca, já que a ideia original de visitar um templo perto de Fuximi esbarrava nas costas de Thuin, que já estavam no estágio de mancar, e na razoabilidade em geral. Na volta, pegamos o trem numa das plataformas antigas, de ferro rebitado e teto de zinco, que achamos de uma frugalidade admirável: pra quê tirar o que tá funcionando só porque você tá transformando outro pedaço da estação em luxe, glamour, pouvoir, et séduction?
X-tudo. O preço dá uns 45R$.

Em Osaca, resolvemos, já que tínhamos um pouco mais de tempo, procurar uma loja de conveniência Lawson (pronuncia-se "rausson" ou "rousson") para comprar os ingressos pro Estúdio Ghibli, que os mãos de vaca tínhamos nos recusado a pagar a sobretaxa de internet. A que havia perto da estação Osaca Central era no subsolo dum prédio comercial, numa galeria de compras. Quase tudo na galeria fechado, mas as portas da própria aberta. Fomos na Lawson, e a maquininha só falava japonês, então cometemos a imprudência de pedir ao caixa para confirmar. O moço entendia menos que a gente como a máquina funcionava, e ficou horas fuçando, atenciosíssimo e perdidíssimo. Enfim, desistiu e chamou o colega que devia estar cochilando nos fundos, e confirmou na mesma hora que era o que pensávamos. Compramos os ingressos e uns pacotes de petisco, meio culpados de ter feito o moço demorar tanto.

wasabi, o de verdade, não essa raiz forte com alface que nóis come
As outras lojas abertas na galeria eram um "Ladies' Bar," que não conferimos o que era, e um boteco de comida tailandesa, que aparentemente tinha um dono-barman-cozinheiro-caixa. O amigo dele achou fascinante aparecerem dois brasileiros ali, e tentava se comunicar conosco via google translate. A comida do bar era absurdamente deliciosa, e tinha uma carta de cervejas de tudo quanto é país da Ásia; a melhor era vietnamita e se chamava Saigon.

Mais do jardim de Nijõ
Chegando no hotel, Mari se deu conta de que a roda gigante em que tínhamos andado, à distância, fazia a previsão do tempo. Comprou uma cerveja na máquina, e se postou a filmar a dita-cuja... 
O xis-tudo, na mesa, e a espátula de removê-lo. Ao lado, o balde de molho.

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